Reflexão sobre a Finitude
Você já parou para pensar que um dia seremos todos apenas uma fotografia colada em um álbum velho de recordações ou uma foto em uma lápide de túmulo? Uau… pesado para uns, normal para outros e alguns sequer pensam nisso. Hoje quero trazer uma reflexão a respeito do nosso ciclo de vida e morte. Todos sabemos que do pó viemos e ao pó voltaremos, que daqui nada trouxemos e também nada levaremos. Mas como seria se você soubesse que deixaria essa vida amanhã? Como planejaria esse momento? O que gostaria de falar a alguém e por quê? A quem gostaria de indicar a continuidade de seu patrimônio? Qual seria o destino de suas roupas e objetos pessoais? Com quem ficaria seu cachorro ou qualquer outro animal que tenha? Dinheiro, dívidas, conta no banco, senhas de redes sociais? Engraçado, não é? Tantas perguntas que parecem até um testamento em vida ou um querer obter controle mesmo no pós-morte, fazendo valer nossas vontades e direitos. E por que não?
A Vida como Planejamento
Nós nos programamos para muitas coisas, para nos casarmos, comprarmos um imóvel, irmos a uma festa, fazermos uma viagem, um plano de previdência privada, um plano de saúde, termos filhos ou não. E, de fato, estamos planejando o tempo todo: o que iremos comer, o que iremos vestir, qual conta pagar. Planejar também é uma forma de cuidar do futuro… porém, nem tudo está sob nosso controle. Podemos ditar regras, diretrizes, mas não sabemos sequer se as executaremos, nem se iremos desfrutar da viagem planejada, da previdência acumulada, muito menos do casamento sonhado. Mas uma coisa é certa: todos iremos morrer um dia. Sim, é uma verdade. E sendo a única coisa que temos por certa na vida, também é a única que negligenciamos o planejamento. Ora, se sabemos que não seremos eternos e que a vida que vivemos deixa conexões ao redor, por que ignorar? Podemos ao menos conversar sobre isso com aqueles que amamos ou a quem confiamos.
Acesso às Certezas
Não quero dizer que devemos fazer um testamento manuscrito ou registrado em cartório (apesar de muitos o fazerem e com detalhes), mas quando conseguimos acessar esse lugar de certezas, sobre essa finitude que é a nossa existência, tomamos consciência da nossa real vontade sobre nosso legado. Exercitamos o pensar de “como seremos lembrados” e também ajudamos a trazer clareza àqueles a quem deixaremos, no momento em que mais se sentirem perdidos mediante a nossa falta, contribuindo para trazer suporte e apoio através da certeza de nossas vontades, previamente verbalizadas.
Trazer Consciência
Trazer consciência é um ato de amor, é natural do ser humano, é divino. É uma oportunidade de visitar nossos medos sombrios e ultrapassá-los, sem oferecer a eles poder sobre o hoje. Não se trata também de viver o futuro. Mas planejar é uma tarefa do hoje, do tempo presente. Afinal, nem todos conseguimos ou podemos viver loucamente como se não houvesse amanhã. Repense sobre sua finitude, reveja suas fotos, lembre-se de quem você foi, de tudo o que viveu, planeje novas fotos e converse com seus amados sobre as suas preferidas. E, se puder, escolha a mais sorridente, de um momento muito especial, em que você se sentiu plenamente feliz, porque é essa a energia que ficará quando só uma foto em sua lápide restar.
A Vida é Feita de Altos e Baixos
Lembre-se também que não é normal que se tenham fotos tristes e chorando guardadas, mas isso não significa que não vivemos esses momentos, pois a vida é feita de altos e baixos e nem sempre estamos sorrindo e felizes. Mas sabemos que, quando vemos um sorriso entre uma foto e outra, tivemos “pontes” que nos levaram de um momento feliz a outro, com choro e lágrimas, mas eles não permanecem, eles se vão, assim como nós um dia iremos.
Novas Alegrias e Ciclos
Chegarão novas alegrias e novos registros, confirmando o ciclo de vida-morte-vida, momentos felizes que escolhemos viver, mesmo sabendo que teremos que passar por pontes de tristeza. Sabemos que elas nos levarão a novos momentos felizes, seja aqui ou na eternidade.