No final de 2023, tive o desafio de ler o livro de Don Miguel Ruiz Jr., “Os Cinco Níveis de Apego”, indicado pela minha psicóloga, como parte de um processo de cura interior que eu estava vivenciando. Tinha acabado de obter o resultado da minha terceira fertilização in vitro negativa e não sabia como lidar com o apego que havia desenvolvido nesse processo, de que tudo tinha que ser como eu havia desenhado em minha mente. Obviamente, com isso, veio a necessidade de elaborar minhas frustrações e exercitar o desapego.
Nesse livro, Don Miguel Ruiz Jr. explora como nossas crenças e apegos podem nos limitar e influenciar nossa percepção da realidade. Ele descreve cinco níveis de apego que variam da liberdade total ao aprisionamento completo. Sinto que andei por todos eles em algum momento e aprendi a me perceber muito mais por conhecer esses níveis. Vamos falar um pouquinho sobre eles agora.
1. O Apego Autêntico
Neste nível básico, o apego é mais como se fosse uma admiração. As pessoas reconhecem e valorizam as tradições, crenças e ideias sem se identificarem profundamente com elas. Neste nível, há uma grande liberdade para explorar, questionar e mudar as crenças sem deixar de ser quem somos.
2. Apego às Preferências
Aqui, o apego começa a se intensificar. As pessoas têm preferências claras e seguem certas crenças e tradições porque acham que são melhores e mais verdadeiras. No entanto, ainda existe a capacidade de aceitar e respeitar a opinião de outras pessoas. As crenças não definem nossa identidade, mas servem como guias na vida cotidiana. Existe aqui uma certa flexibilidade para adaptar as crenças conforme necessário.
3. Apego de Identidade
Neste nível, as crenças se tornam uma parte integral da identidade da pessoa. Há uma forte identificação com certas ideias, tradições e crenças, e a pessoa começa a ver o mundo através dessas lentes específicas. Isso pode levar a uma visão mais rígida e menos aberta a novas perspectivas. A pessoa pode começar a defender suas crenças com mais vigor e pode sentir-se ameaçada por ideias conflitantes. A identidade começa a se misturar com as crenças, como se nós fôssemos as crenças que temos.
4. Apego Internalizado
No quarto nível, as crenças se internalizam de modo profundo, influenciando fortemente nosso comportamento, pensamentos e emoções. A pessoa pode se tornar inflexível e resistente a qualquer coisa que desafie suas crenças. Esse nível de apego pode levar a muitos julgamentos preconceituosos e dolorosos. Há uma forte necessidade de validar essas crenças e um medo de deixarmos de ser quem somos se nossas verdades forem questionadas. A pessoa pode se sentir obrigada a seguir rigorosamente essas crenças, mesmo que isso cause sofrimento ou conflitos com outras pessoas.
5. O Fanatismo
No nível mais extremo, o apego se torna fanatismo. As crenças dominam completamente a identidade e a percepção da pessoa. Qualquer ameaça a essas crenças é vista como uma ameaça à própria existência. A pessoa pode se tornar extremamente defensiva ou agressiva em defesa de suas crenças. Não há espaço para questionar ou mudar, e a pessoa está completamente aprisionada por suas ideias. Este nível de apego pode levar a comportamentos extremos e prejudiciais tanto para si mesmo quanto para os outros.
Tomando Consciência
Quando consegui refletir e visualizar minhas exigências perante a vida dentro desses cinco níveis de apego, pude notar o fanatismo que existia em mim e o quanto ele estava sendo prejudicial para meus relacionamentos e também para a minha evolução. Mas nenhuma tomada de consciência é fácil e suave; às vezes dói e exige muita coragem para desconstruir pensamentos e crenças que levamos anos construindo. Mas sempre é uma escolha e, também, libertador.
Don Miguel Ruiz Jr. nos convida a refletir sobre nossos próprios apegos e a questionar até que ponto estamos presos por nossas crenças. Ele sugere que, quando tomarmos consciência desses níveis de apego, poderemos começar a eliminar as barreiras que nos limitam e buscar uma vida mais livre e autêntica. A chave é encontrar um equilíbrio onde nossas crenças possam nos guiar sem nos aprisionar, para que possamos viver com maior liberdade e verdade.
Depois de refletir sobre esses ensinamentos, passei a ser livre de exigir que meu corpo me fizesse mãe, de querer isso a qualquer custo e não falhar. Parei de me exigir tanto e de querer ter apenas um caminho como mulher na vida. Ser mãe era uma via em meu percurso.
Ser quem eu era, fora dessa pessoa que queria a maternidade acima de todas as coisas, é o que realmente viria a fazer sentido. Envolvia ser esposa, envolvia ser feliz no meu trabalho, envolvia ser livre na fé, ser livre para viver minhas vontades. E envolveu o desapego. Nunca foi fácil, mas consegui desapegar de muita coisa. Percebi as coisas que não posso mudar e a diferenciar onde estou em apego e o que preciso soltar, para meu próprio bem.
Esse livro foi um ponto alto no meu processo de cura interior, uma leitura fácil, leve, tocante e edificadora. Se você vive esse apego ou convive com pessoas extremamente apegadas, com dificuldade em debater de forma saudável seus pontos de vista, esse livro também pode te ajudar a lidar com essas situações.
Aproveite a sabedoria Tolteca trazida por Don Miguel Ruiz Jr. e embarque nessa leitura.
Boas energias! ✨